No ônibus, dois garotos dividiam a poltrona com a mãe:
- Oooooh... Stop! - e as mãos miúdas se estendem em frente aos dois.
- A… B... C... D... E... F – contou os dedos o garoto sem óculos, até chegar à letra equivalente:
- Faca.
- Folha - contrapôs o irmão.
E a sequência de palavras lembráveis eram cantadas... Até vir novamente o “Oooooh... Stop!”, e uma nova letra.
- U - bravaram em coro.
- Urso.
No gaguejo: - U... Unha.
O estoque de palavras acabou. Por um momento, o silêncio pairou. A mãe entrou na brincadeira:
- Úrsula.
Eles se cansaram e a brincadeira foi então substituída. Joquempô: “Pedra-papel-tesoura”. A tesoura quebra a pedra. O papel envolve a pedra. A tesoura corta o papel...
E as brincadeiras que jamais pensei que duas crianças ainda tivessem na ponta de língua, prosseguem:
“Vaca amarela cagou na panela, quem falar primeiro come toda a bosta dela.” Os meninos cantarolam: “Vaca amarela cagou na panela, quem falar primeiro come toda a bosta dela!”
A mãe interveio:
- Não pode falar isso, Vinícius.
O filho retruca:
- Pode sim.
A mãe insistiu:
- Não pode. É feio.
O menino então deixou a mãe sem reação com a constatação:
- Mas é uma palavra.
A mãe se cala. E eles continuaram a canção.
Chegou a parada shopping Eldorado. A mãe desceu com os filhos. Enquanto isso, fiquei ali, impressionado.
É, de fato, os dois garotos, de 6 e 7 anos, provaram que, embora a predominância dos jogos virtuais, ainda existe um espaço as e tradição das velhas brincadeiras de criança.
Um comentário:
Ahahahaa, isso é verdade!
Hoje em dia tudo é virtual, perdemos grande tempo do dia na internet.
Achei bem legal o texto e até engraçado.
Fiquei até com vontade de brincar de stop. =)
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