terça-feira, 29 de março de 2011

Feliz aniversário, meu filho!

29 de março de 2005 – Praticamente madrugava, nos tempos em que eu cursava do ensino médio. Para pegar o ônibus, que passava às 5h45, deveria pular supercedo da cama, pois às sete da manhã, os alunos do antigo colegial deveriam desembarcar na escola situada no município de Barra do Choça (BA).

Naquela manhã, senti em casa uma movimentação fora do habitual. Era minha mãe que já havia levantado. Mas por que diabos ela estava acordada uma horas daquelas?

Ouvi o barulho das sandálias havaianas se arrastarem em direção ao banheiro. Enquanto eu me aprontava no meu quarto, a descarga foi acionada. Os passos foram se aproximando... Até que a porta se abriu. Ainda esfregando a mão molhada no rosto, ela me entregou um embrulho e soltou um ainda sonolento “Feliz aniversário!” Meus olhos lacrimejaram; os dela também. Choramos.

Embaraçado, deixei o presente cair e ali selamos aquele instante com um abraço, paradoxalmente suave e intenso. Minha mãe voltou ao seu quarto. Peguei o pacote do chão, rasguei o embrulho. Um camiseta azul e um bermudão jeans escuro. Enxuguei as lágrimas e guardei o presente. Claro, corri para não perder o ônibus.

Entre as datas de aniversário que se passaram dentro dessas pouco mais de duas décadas de trajetória, confesso que aquela manhã foi a mais importante e especial de todas.

Aos 18 anos, a chegada da maioridade foi marcada pelo derradeiro aniversário que estive ao lado de minha mãe.

Hoje, quase seis anos depois, sei que minha mãe está agora num lugar lindo. E sem dúvidas, neste momento está olhando para mim e dizendo: "Parabéns, meu filho, te amo!"



Foto: minha mãe, Osmilda Viana de Alencar Souza, novembro de 2005

quinta-feira, 24 de março de 2011

Na cabeça de Oslênio


ilustração: Thiago Calle


AMOR DE MENINOS

Se houve uma música que Oslênio não podia ouvir de jeito nenhum era "Can't get you out of my head", de Kylie Minougue. Canção, sucesso na década de 90, tornou-se tema de sua história com Fernando. Mas engana-se quem acha que a batida refere-se ao romance do casal. Pelo contrário, pelo fim dele - na noite em que Oslênio encontrou o namorado atracado com outro numa balada.

Aos flashes do globo de luzes e do inesquecível hit da cantora australiana, Oslênio ficou atônito, ao ver à sua frente o homem com quem dividia a cama e seis anos de sua vida, aos beijos com outro.

Oslênio nasceu no Paraná, mas adotou a cidade de São Paulo como o melhor lugar para se viver, tanto que jamais saiu dela. Além de trocar a terra natal, mudou também o nome lhe fora dado por seus pais – prefere ser chamado de Bruno, porém nessa crônica será mencionado com nome de batismo.

No topo de seus vinte e poucos anos, em visita a casa de parentes, em Matão (cidade interiorana de São Paulo), cruzou o caminho de Fernando, um rapaz apresentável, tipicamente tímido de olhos grandes e boca carnuda.

O namoro teve início no mesmo cenário em que terminaram. O primeiro beijo dado pelo casal aconteceu numa boite. Os demais foram assim que o Oslênio trouxe o namorado, de mala e cuia, para morar na capital, onde passaram a dividir o mesmo teto. Na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, firmaram moradia, e no mesmo local afundaram de vez o casamento. Tudo praticamente instantâneo. Os anos decorreram, à medida que o matrimônio parecia cada vez mais estável.

Como numa cena de novela, Oslênio cuspiu ao namorado a célebre frase: “retire imediatamente suas coisas de casa e suma da minha vida!”. Assim que adentrou o apartamento, nada de Fernando estava mais lá – melhor dizendo, o computador, pois esse era seu único pertence.

Como compreender o fim do relacionamento que parecia tão bem? Essa era a pergunta que martelava a cabeça do paranaense. Tanto que em um mês, emagreceu dez quilos e mudou de apartamento; não conseguia mais conviver com a presença do outro que ainda pertencia àquela atmosfera. Largou o emprego e quase a si mesmo.

Durante dois meses, Fernando estava se envolvendo com outro. Um jovem , sem as preocupações administrativas de casa, sem o compromisso de ter que pensar no aluguel, na conta de luz, sem a ressaca rotineira do trabalho e, ainda, mais importante, com a voracidade sexual que não estava mais à dianteira da relação...

O tesão acabou, no instante em que a atenção também foi extinta. Oslênio trabalhava às noites. O casal passou a não jantar no mesmo horário, não acordar juntos, não adormecer enquanto assistiam a um melodrama na TV de 42’ da sala.

Sem qualquer contato, o telefone de Oslênio tocou. Era Fernando. Embora a resistência, acabaram cedendo ao bate-papo. Estavam bem, responderam um ao outro. Bem ou mal, solteiros. Nas baladas com os amigos em comum, se reencontraram. Sem mágoas aparentes, mataram a saudade dos beijos de antigamente. Ficaram (e ficavam) de vez em quando (embora não se esquecessem que por meia dúzia de anos foram casados).

O contato não durou mais do que um semestre. Não assinaram nenhum documento, mas comprometeram-se e, convenientemente, concordaram que o distanciamento seria a melhor alternativa para ambos. Haviam regredido à relação. Eram mais amigos que amantes.

Oslênio garante que o amor acabou. Acredito que tenha apenas adormecido, pois retomar as lembranças é ainda ressuscitar sua história e, caso não quisesse rememorá-la, nem eu – tampouco você leitor – estaríamos chegando ao fim dessa crônica.

Veja também o texto "Cosme e dá-me homens", da série "amor de meninos".

quarta-feira, 23 de março de 2011

A Rosa e o Cravo

Roseli e eu - jan/2008
Primavera de 2006 - Autenticidade explodia de Roseli. Ela sempre foi o tipo de menina que conquistava os rapazes com uma única palavra, ao menos foi assim que aconteceu comigo. Magricela, rosto afinalado, pernas e braços mais ainda, seus cabelos naturalmente tinham um liso cacheado. A voz era inconfundível: um estridente abaianado. Um sorriso meio que de canto e um encanto explícito numa personalidade singular.

Roseli nunca acreditou em santos, embora os tivessem no nome. Diferentemente das irmãs “certinhas”, ela parecia receber o título de "ovelha-cinza" da família, mesmo que nunca tivesse chegado a ser uma jovem radical. Não tinha papas na língua, e tampouco, não economizava palavras, estocadas no vocabulário bem estruturado.

Roseli foi uma das pessoas mais inteligentes que conheci. Autêntica, mostrava-se sempre à dianteira das meninas de sua idade. Teve poucos namorados, mas não lhe faltaram dezenas de pretendentes. Aos 15 anos parecia um patinho feio, desajeitada. O cisne bateu asas e mostrou quem era, assim que apontou à maioridade. Nessa idade, pela primeira vez, deu luzes aos cabelos sempre castanhos. Ela estava linda.

Desconheço alguém que a chame de Roseli – exceto eu, claro. Nunca consegui chamar pelo apelido as pessoas que logo se apresentam pelo nome de batismo. Roseli sempre foi Rosa. É Rosa aqui, Rosa acolá. Não sei o que ela achava de minha formalidade, porém garanto que em nenhum momento, mesmo nas cartas que trocávamos, referi a ela pelo nome de flor. Minto. Uma vez escrevi um poeminha:

Rosa dos jardins
Rosa de todas as cores
Rosa vermelha. Rosa branca.
Rosa que nos encanta e nos enche de amores
[...]
Você não é uma rosa qualquer.
Você é a rosa com vida.
Você é a rosa colhida.
Você é a Rosa mulher

Talvez eu fosse o cravo. Ela inegavelmente era a rosa. Roseli foi a mulher que mais amei - talvez a única, senão a mais importante delas. Desses amores bem doídos que surgem na adolescência e perduram por anos. Éramos tão parecidos que até o primeiro beijo que demos seguiu o mesmo compasso. Numa garagem sem carro, com roupas estendidas num varal, sentimos o sabor de nossos lábios finos. Toquei sua cintura modelada. Coloquei a mão no seu peito que batia sem controle; temíamos que a dona da casa descobrisse aquela invasão e interrompesse o momento. Matamos aquela aula e ressuscitamos uma paixão adormecida há algum tempo.


Primavera de 2010 - Nossos braços se encontraram, até nossos corpos, ainda com a mesma esqualidez, dar-se um abraço tímido e um beijo contido. O perfume dela permanecia inalterável. Estávamos iguais – na magreza e personalidade. Ela, com o sorriso largo e a silhueta fina, que tanto me encantava no tempo do ensino médio.

Para ela, eu continuava ainda com a aparência do mesmo peso, embora menos da metade de uma dezena de quilos já não compunha mais meu físico. “Tu não mudou nada”, exclamou. “Se menos 5 quilos não são aparentáveis, fico feliz. Aumentou minha autoestima”, retruquei.

Adentramos a saleta de uma secretaria onde ela trabalha. Vestia a velha blusa de frio, cor creme. A calça jeans, justa, modelava as pernas. Observamo-nos a atentamente. Ela estava casada. A aliança grossa, em relevo, agora na mão esquerda, indicava o matrimônio recente.

O tempo passou. Ela não era mais a menina que sonhei andar de dedos entrecruzados. A mulher em que não me hesitaria de trocar carícias públicas, de suplicar declarações, ou manifestações toscas de amor. “Não acredito que estou casada”, ela disse. Silenciosamente, completei um "nem eu". Almoçamos juntos aquele dia. Estivemos juntos noutros. Mas a partir de agora não continuaremos mais juntos (apenas nas lembanças de um passado, ainda presente). Ela continua linda e especial, a Rosa que o tempo não modificou o aroma. Mas a flor que parace ter sido colhida do meu jardim.

Se sentirei o perfume de hortênsias, margaridas e violetas... Não sei. Murcha, ela jamais ficará. Viveremos apenas outras primaveras. Viverei a saudade, de quando o compromisso não nos impedia de absolutamente nada. Fará-me falta a flor mais linda do jardim da minha vida.

domingo, 20 de março de 2011

Cosme e dá-me homens


ilustração: Thiago Calle

AMOR DE MENINOS

De santo ele só tem o nome. Cosme tem vinte anos. É um paraibano moreno e garboso, que ultrapassava 1,80m de altura na pele cor jambo. O sorriso acanhado divide espaço com sua timidez completa. O irmão – que de nada parece ser seu gêmeo – não teve a sorte de fazer com as meninas da pequena Beijo da Madre de Deus - cidadela incrustada no interior da Paraíba - suspirassem ao vê-lo. A diferença entre um e o outro é que Cosme é gay; Damião, não.

Com todas as complicações para viver a sexualidade na cidade, Cosme - que há meses namorava Fernando, através da internet em que acessava na única lan house do município - deixou a terra natal para viver com o futuro "marido", em São Paulo. Aos pais, assegurou a garantia de melhor emprego e situação financeira. Só não lhes avisou que largaria o berço para se aventurar com alguém do mesmo sexo.

Quando deu por fé, já havia desembarcado em São Paulo. Fernando estava à sua espera no aeroporto e também pelo pagamento da passagem de avião do jovem. O que não previa era a brevidade do relacionamento. Tão fugaz quanto a maioria dos contatos nas salas de bate-papo da vida, o casamento dos rapazes se resumiu a uma semana. Segundo Cosme, desmoronado pelo ciúme obsessivo do paulistano de 28 anos.

Com contatos na gaveta, o garoto decidiu se mudar. Foi parar na casa dum amigo, que também conheceu na internet. Um mês depois, Joseph, um paulista de 27 anos, caiu nas graça do paraibano. Sem nenhuma demora, marcaram de se encontrar, e despertar a paixão instântanea pelo jovem. Em poucos dias, declarou amor eterno àquele que era chamava de “meu moreno”. Firmaram namoro e, ao menos ao paulista de olhos verdes, o desejo de protagonizarem o infindável romance.

Em São Bernardo do Campo, Cosme descobriu ter alguns parentes. Longe dos familiares chama-se Thiago. Na capital, seus contatos o conheciam como Leandro. O que limitava a alcunha do moço apenas à homenagem que o pai fizera aos santos gêmeos.

O namoro com Joseph também não perdurou. Isso porque Cosme descobriu as facilidades de se namorar, mesmo que por uma noite, vários homens nas boites paulistas. Disse, agora ao ex, que não estava preparado para assumir um compromisso sério. Mas, em nenhum momento, alegou não haver oportunidades de continuar escrevendo a história dos dois.

E vieram outros homens. Um amontoado deles. Contudo, há pouco tempo, o rapaz regressou à Paraíba. Pediu demissão do restaurante onde trabalhava. Em solo paraibano, retornou à vida de namoros virtuais, pois não lhe restava outra alternativa para vivenciar a sexualidade, ainda camuflada sob músculos definidos.

Dia desses conheceu um conterrâneo que mora em São Paulo há um bocado de tempo. O que parece é que a Madre de Deus ficará mais uma vez para trás: Cosme garantiu ao novo pretendente mudança brevemente.

A única coisa certa é que Cosme parece ter sido homenageado com o nome errado, pois seria Antonio o mais apropriado. Se Cosme e Damião não regem o caminho desse paraibano, que ao menos Santo Antonio ajude-o a encontrar os homens de sua vida.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Amor de meninos

Cosme saiu de Madre de Deus, cidadela no interior da Paraíba, para namorar Pedro, morador da Grande São Paulo. Ambos se conheceram numa sala de bate papo, na internet. Mas foi na sala de estar do apartamento de Pedro que deram o primeiro beijo.

O paranaense Oslênio– que, de longe, detesta seu nome e prefere ser chamado de Bruno – trouxe Fernando, de Matão, no interior da capital, para viver a historia de amor, originária duma balada. Seis anos depois de casados, Oslênio pegou o companheiro atracado com outro, sob flashes da música Can get you out of my head, de Kylie Minogue. A justificativa de Fernando foi que o namorido não lhe dava a atenção necessária. Um ano depois, voltaram, escrevendo a trajetória amorosa por mais seis meses.

Matheus viveu um tórrido romance virtual com Douglas, sem sequer sair de seu quarto, em Limeira. Inventou ao pretendente viagem à Espanha e vida que não pertencia à sua realidade. Douglas, depois de um ano, descobriu a farsa. Matheus tratou de reparar as mentiras saindo do interior, ao menos uma vez por mês, para recuperar a confiança e amor de Douglas.

O que há de comum nessas histórias, senão o fato delas serem protagonizadas por casais homossexuais? Todas elas envolvem a distância, o deslocamento de rapazes que buscaram noutra cidade, além de outros rapazes, o sonho – muitas vezes, breve – de efetivar, o que até então, se resume num mero ensejo, ou uma ilusória idealização virtual.
Serão estas as três próximas postagens deste blog. Aguardem!!!

terça-feira, 8 de março de 2011

Entre os becos e as vielas de Paraisópolis

Por Vagner de Alencar (escrito ao Blog Mural da Folha.com)


“Alegria só no nome”. Com humor, Anderson Viana Souza, 22, brinca com a designação do endereço onde mora. O baiano chegou a Paraisópolis em setembro do ano passado com a filha pequena e a jovem esposa. Divide com os cunhados a casa minúscula, de três cômodos e um banheiro.

Em São Paulo, arranjar emprego não foi tão difícil quanto ele imaginava, só não previa o sufoco em comprovar residência fixa. “Rapaz, para provar endereço assim que tentei abrir a conta-salário é que foi complicado”, afirma.

O jovem protagoniza uma realidade comum a muitos moradores de periferias, que sentem na pele a dificuldade de viver literalmente, muitas vezes, num beco sem saída.

Viela da Alegria

A saga de Anderson para comprovar residência fixa para abrir uma conta no banco foi, no mínimo, cômica, para não dizer árdua. “Uns conhecidos me aconselharam enviar um telegrama para mim mesmo. Quando cheguei no posto dos correios, o atendente foi atencioso e disse que custava R$ 10. Falei o nome da rua, o CEP... Quando eu disse o número da casa, ele alegou que não conferia. Então, avisei que morava na viela da Alegria.”

A resposta recebida pelo jovem foi clara: “viela não existe para os Correios!”.

Anderson voltou para casa sem enviar o telegrama. Na agência bancária, segundo ele, não conseguiram informá-lo sobre os procedimentos necessários para sanar aquela situação. “Um morador de Paraisópolis me avisou que na Associação de Moradores era possível retirar uma declaração de residência para quem não conseguia comprovar. Fui lá, saí com o documento nas mãos e consegui abrir a conta”, revela.

Viela Francisco Clemente

É por meio da lojinha de artigos masculinos e femininos que Simone Ferreira da Silva, 32, sustenta os dois filhos e a sobrinha. “Se fosse na rua seria melhor, mas aqui também é bom, pois o fluxo de pessoas que passam para ir à escola é grande”, conta.

Há dois anos, a micro-empresária mantem o negócio na viela que interliga as principais vias de Paraisópolis: as ruas Herbert Spencer (a famosa “rua da feira”) e a Melchior Giola. “Aqui, eu pago R$ 300 de aluguel. Gasto mais R$ 300 com aluguel da casa onde moro, na rua debaixo, fora água e luz.”

No local há ainda, um mercadinho, um salão de cabeleireiro e um bar. “Se dá pra viver?! Dá, dá sim!”, revela Simone.

Viela Mário Covas

Um córrego corta a ruela com nome de político. Alguns barracos construídos sobre o esgoto partilham o mesmo espaço com as casas de alvenaria sem reboco. Crianças brincam no corredor estreito e famílias se reúnem na porta de casa.

Outros moradores não têm dificuldade para circular nos pequenos labirintos. Com habilidade de quem conhece o terreno onde pisa, carregam seus pertences na mão. O problema está no transporte de objetos maiores, como móveis e eletrodomésticos. “Meu vizinho teve que quebrar parte da escada para entrar com a cama box que ele comprou”, conta o morador Fábio Silva, 23.

Viela do Campo

É na quitanda de “seu” Manoel que Maria da Guia Evangelista, 32, sempre compra verduras e legumes. O córrego que passa atrás de sua casa também passa pela viela Mário Covas. “Moro aqui há muitos anos. Sempre foi muito barulhento. Ligam o som dos carros no último volume”, diz.

Alguns referem-se ao lugar com o diminutivo, embora a viela seja uma das extensões da comunidade. Prova disso é a quantidade de carros ou motos estacionados por ali. Amigos jogam baralho e crianças brincam com suas bicicletas no mesmo espaço.

Entre os becos e as vielas de Paraisópolis, os moradores vão tecendo suas histórias, ora em busca de comprovar sua residência (Anderson esperou 40 dias por um cartão de crédito), ora dizendo que é possível, sim, sair e entrar nesses pequenos labirintos sem uma Ariadne (da mitologia grega, que ajudou o amado a achar o caminho de volta pra casa) que os conduza (como acredita Simone).

Se algumas vielas e becos são esconderijo do tráfico, muitas delas unem as pessoas que, com suas vozes e histórias, usam de ruelas e esquinas para costurar a vida em Paraisópolis.


Leia mais sobre Paraisópolis: O mistério da mina