De repente a notícia: ele havia morrido. Minha mãe tentou me consolar, mas não tinha mais o que fazer, já que sua ausência era irrevogável. Até noite passada, podia ouví-lo. E por meio daquele anúncio, o que restava era me conformar que não poderia mais vê-lo. Nunca mais.
Há poucos meses, ele vivia no banheiro. Na minúscula gaiola, o periquito saiu do campo, na Bahia, para viver conosco, na cidade grande de São Paulo - em nossa casa tão diminuta quanto sua moradia de madeira.
Assim que cheguei da escola, ele já não estava mais lá. Sem asas para voar, o pequeno verde - que nem nome tinha - não teve forças para sair da água que lhe afogou até a morte. Tentando ensaiar voo, o destino que lhe foi reservado estava a poucos metros dali: o interior do vaso sanitário. Ele morreu. Eu chorei.
Pela primeira vez, aos 7 anos de idade, senti o que era a dor de uma morte, muito mais impetuosa do que a pancada que havia dado em meu dedão do pé dia anterior. A dor era diferente da física. Através daquelas lágrimas pude perceber através o significado da perda.
Aos 10 anos, enterrei no quintal de casa o segundo animal de estimação que tive. Meu tio-padrinho havia me presenteado com outra ave, tão linda quanta aquela que parou de cantar depois que a água da privada lhe entupiu o bico. Dessa vez, o periquito ficou à mercê dos cachorros que lhe abocanharam o pescoço.
Com uma colher de sopa fiz a covinha rasa. De barriga pelada para cima o sepultei. Flores de roseiras e cravos enfeitaram a mini-cova. Naquela tarde de verão baiano não chorei.
Aos 15 anos, meu cão - que quando lhe chegava a fome indicava com a pata direita sobre meu pé o inicio de seu apetite - foi assassinado pelo vizinho, que acusou o canino de destruir os ovos das galinhas de sua fazenda. Nem pudemos nos despedir dele.
Aos 10 anos, enterrei no quintal de casa o segundo animal de estimação que tive. Meu tio-padrinho havia me presenteado com outra ave, tão linda quanta aquela que parou de cantar depois que a água da privada lhe entupiu o bico. Dessa vez, o periquito ficou à mercê dos cachorros que lhe abocanharam o pescoço.
Com uma colher de sopa fiz a covinha rasa. De barriga pelada para cima o sepultei. Flores de roseiras e cravos enfeitaram a mini-cova. Naquela tarde de verão baiano não chorei.
Aos 15 anos, meu cão - que quando lhe chegava a fome indicava com a pata direita sobre meu pé o inicio de seu apetite - foi assassinado pelo vizinho, que acusou o canino de destruir os ovos das galinhas de sua fazenda. Nem pudemos nos despedir dele.
Nunca mais tive um animal de estimação: nem gato, cachorro, muito menos periquito. Hoje, não por medo de perdê-los, mas por não dispor da dedicação para poder cuidá-los, decidi seguir sozinho.
2 comentários:
Não preciso nem dizer que quase chorei, né? Eu fiquei do mesminho jeito quando perdi meu primeiro cão :/ Mas diferente de você, resolvi ter outros porque eles me fazem muito bem!
Abraço, arrebentou!
Oh, Vagner,
Eu já passei tanto por isso, em minha casa nós sempre tivemos muitos animais, logo, também muitas mortes. Mas que dó do seu periquito!
Patrícia Silva
Postar um comentário