Os homens se encarregavam de ir para a roça arrancar a raiz. Na cangaia encarcerada no topo do jegue, a mandioca era trasladada até a casa de farinha. Lá, a raspagem ficava por conta das mulheres, que de forma impressionante, sentadas no chão batido de terra, ao redor da mandioca estirada ao centro, a depilavam tão rapidamente quanto o triturador a devorava horas depois.
Era uma vez essa casa de farinha, assentada no terreno da casa de dona Aliça e “seu” Dió. Há alguns muitos anos, ela veio chão abaixo, décadas depois de erguida exatamente no mesmo lugar – no inóspito povoado Cavada II, no município de Barra do Choça (BA). Durante anos a fio, família, amigos, parentes e conhecidos jamais careceram pagar para consumir a tradicional farinha de mandioca.
Na casa construída de pau-a-pique, a força da roda ficava por conta dos machos que giravam-na acionando o triturador que transformava em massa a mandioca. E após todo o processo de feitura: trituração, prensa, cozimento… O alimento ganhava forma. Existiam aqueles que optavam pela farinha fina, enquanto outros prefiriam a grossa. O biju era imprescindível para o café no fim da tarde feito do pó batido no pilão de madeira, na cidade que é conhecida até hoje como “a terra do café”.
Se a farinha pareceu ter ficado nas origens ainda de uma agricultura de subsistência; Helenita, filha dos donos da extinta casa, hoje parece encarregar-se de resgatar a tradição. Defronte a sua casa, um cento de blocos dará lugar brevemente à construção de sua futura vizinha: a nova casa de farinha.
Texto escrito para o blog Novas Histórias
imagem retirada do Blog Godeirense
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