O que fazer quando a privada do banheiro do apartamento de duas mulheres entope? E quando, ainda, no mesmo dia, uma delas fica mega-apertada e não consegue controlar a necessidade fisiológica do “número 2”?
Bom, neste momento, apresento-lhes uma das histórias mais cômicas, já presenciadas por mim. E claro, não deixaria de privar-lhes desse acontecimento célebre.
Cecília divide o apartamento com a amiga Paula, na Rua Mateus Grou, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. A primeira tem 64 anos, é paranaense, mas fez a vida na capital paulista. Paula, aos 26 anos de idade, oriunda de Pernambuco, trabalha na improvisada clínica de estética, instalada no próprio apartamento.
Devidamente apresentadas, as moças nunca tiveram problemas com as tarefas caseiras. A idade não impediu Cecília, por exemplo, de pintar a parede da sala de estar, dia desses.
Numa certa manhã, limpando a privada, ela deixou cair a flanela dentro do vaso, onde desceu diretamente pro fundo. Depois de dada descarga. O que desceu pelo cano foi sua consciência, bem mais profundo do que pano. Obviamente, a privada entupiu. Com o intestino preso, Cecília não se preocupou com o ocorrido, porém o mesmo não se aplicou à Paula. Fato: no mesmo dia, a garota precisava ir ao banheiro. Quem dera fosse o número 1! Mas e agora, o que fazer? Cecília sugeriu à amiga. “Faz suas necessidades numa sacolinha, ô!”
Não consigo não visualizar, através de minha mente fértil, tal cena. Mas apartando o vislumbre... Feito e dito. Paula depositou a digestão do jantar, da noite anterior, dentro de uma sacola plástica de supermercado. Mas jogar no cesto de lixo do banheiro seria o mesmo do sentar-se no vaso sanitário. Arremessar da janela de casa poderia render-lhe processo de algum vizinho, caso visse tamanho despautério. E Cecília, então, teve outra ideia. “Pode deixar, amiga, largo a sacola em algum lugar, na hora em que eu for trabalhar”.
Dito e feito. Cecília, toda emperiquitada; usava roupa social do serviço, onde trabalha como secretária numa clínica de cirurgia plástica. Para abafar o odor, Paula embrulhou suas fezes, quase como um presente. Após armazenar numa sacola de grife, Cecília partiu com o pacote. Desceu as escadas, até que deparou-se com a vizinha, que a alugou por alguns minutos.
Assim que fechou o portão, avistou uma árvore livre, já na esquina, próxima à faixa de pedestre que teria de atravessar. Olhou pra um lado, fez o mesmo pro outro. E, disfarçadamente, desfez do embrulho. Mas por pouco tempo... Buzinas e mais buzinas em sua direção: “Senhora, seu bolsa! Esqueceu ali na árvore!”, gritou um motorista.
Cecília dramatizou a amnésia para o homem. “Meu Deus, onde estou com a cabeça!” Catou a alça da sacola chique, e prosseguiu seu percurso. Sem saber onde deixar o pacote, olhando de um lado pra outro, de repente, apareceu outra conhecida, que a alugou por mais um bocado de tempo. “Nossa, que sacola bonita! Vai dar algum presente, ou acabou de receber?!” Cecília se conteve para não gargalhar da situação. “É o presente de uma amiga minha!”
Em seguida, andou mais adiante, e, por fim, largou a sacola debaixo de outra árvore, ainda na Mateus Grou. Aliviada, foi trabalhar. No regresso, passou pelo mesmo local. A sacola permanecia por ali. Cecília encostou, mexeu no embrulho, que, agora, estava vazio.
Mas o que será que aconteceu? A suposição é que algum homem – isso mesmo –, para não pagar o mico de circular com uma sacola feminina, apanhou aquilo que considerou ser um presente esquecido por alguém e se mandou com o embrulho. Aonde e com quem o presente foi parar, é a indagação que me faço agora. No mínimo, o que pode ter acontecido assim que o sortudo abriu o pacote foi ter dito: “Que bosta!”