“Meu batuque faz a Vila Madalena despertar
A comunidade abraçouPérola Negra, o meu grande amor”
Durante semanas, o trecho do enredo da escola de samba da Pérola Negra impregnou em meus ouvidos incontrolavelmente. Em janeiro de 2009, lá estava eu na Vila Madalena, pela primeira vez no bairro e no ensaio de uma escola de samba. Enfrentamos uma singela fila –sem nenhuma ironia – para a aquisição do ingresso no valor de R$ 3. Eu e mais três amigos, adentramos o ensaio. Muito batuque, gente bonita, animação. O ensaio era festa.
Não tardou muito para surgir, deslumbrante Juliana Alves, rainha de bateria da escola naquele ano. Após esbanjar beleza e simpatia, atenção aos repórteres da Rede Globo e Rede TV!
Atrevi a testar alguns passos, impossível não mexer o esqueleto com toda aquela áurea de encantamento, com a vibração de toda aquela gente amante do Carnaval. O suor escorria pelo rosto de tantos ali, as camisas encharcadas conseguiam me mostrar somente uma coisa: a sedução pela Pérola Negra.
Jesus Joseph e Ântoni, meus amigos, ensaiavam os passos que seriam efetuados no sambódromo. Joseph já havia participado de outros carnavais – até na Gaviões da Fiel ele foi parar. Enquanto para Ântoni, tiraria sua virgindade da pista de um sambódromo. Com as fantasias devidamente compradas, restava-lhes somente se encantar com toda a magia do desfile. Com a arquibancada lotada de amantes do Carnaval paulista.
Em poucos minutos, através do ininterrupto samba-enredo tocar, cantarola as estrofes da música como se por ali já tivesse passado outras vezes. A verdade, é que a Pérola Negra da Madá ofuscou todo seu brilho a alguém que nunca havia vivenciado o amor incondicional daqueles que não parecem ser enfeitiçados com a beleza carnavalesca.
Com horário marcado para o fim do ensaio, a Pérola Negra abriu os portões. Percorremos a rua onde que está localizada a quadra da escola. Prestes a pontar a meia-noite, a Rua Girassol se abriu para todos, iluminando a noite da Pérola Negra, que reluz não somente no Carnaval, mas em todos aqueles que se sentem ofuscados pelo brilho e amor à escola de samba. Entre anônimos e famosos, amadores e sambistas profissionais, uma coisa não havia distinção: o amor ao batuque da Pérola Negra na Vila Madalena, cantado com a voz do coração: "Meu batuque faz a Vila Madalena despertar. A comunidade abraçou, Pérola Negra o meu grande amor."
Foto tirada no Carnaval 2009, no sambódromo do Anhembi. Da esquerda para a direita, Ântoni Angelo César Saldan e Jesus Joseph Gonzaga
Um comentário:
aquele foi realmente um dia especial,foi muito bom estar com voces na quadra da Pérola,a descrição de tudo o que aconteceu está perfeita.Parabéns pela reportagem!!
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