segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Um fogão a gás II


Há três anos, a história duma mulher que sonhava ter um fogão a gás foi a chama necessária para acender em meus projetos, até então teóricos, o início do Vida em Crônicas. As narrativas virtuais começaram a engatilhar em 18 outubro de 2009, com o memorial de Vera Lúcia, a precursora, dentre tantos protagonistas emaranhados neste blog.

O ano de 2011 segue com a chama acesa e pretende fervilhar muitas outras histórias reais.




Fui cúmplice do sonho de Vera Lucia, em janeiro de 2007, quando presenciei seu grande desejo de aposentar o fogão a lenha e embelezar a cozinha com um fogão a gás. Exatos, 36 meses depois, reencontro-a. As próximas linhas retratam os dias de hoje, dessa mulher que tempos atrás separava galhos de café seco para queimar no tão palpável fogão a lenha, enquanto o aparelho movido a combustível ascendia em seus simples planos de vida.

Leia a história completa de Vera, clique aqui.

Praticamente não houve mudanças na vida de Vera. Continua a distribuir gratuitamente gargalhadas em prosas soltas. Nada minimiza sua autoestima. Ele é altiva. A falta da beleza estética não a incomoda. Está longe de ter o peso ideal para sua estatura, mas permanece com o tino ideal de uma mulher que ri de suas dietas comumente incompletas. Tem quatro filhos: dois meninos e as caçulas meninas. Permanece casada com Zé. E não briga mais frequentemente, quando ele, aos finais de semana, troca as caças de animais silvestres por arrasta-pés povoados circunvizinhos adentro.

Vera comprou, em 2008, um fogão a gás usado. Contudo, o equipamento ainda é uma teoria para Vera. Há alguns meses, está largado na cozinha. O gás do botijão chegou ao fim, ao mesmo tempo em que o dinheiro do bolso do casal, também. Entre desembolsar suados 35 reais para a troca do combustível e cortar a lenha jogada no terreiro, evidentemente a segunda alternativa é fato.

Vera também comprou uma geladeira usada. Agora, com o eletrodoméstico, não precisa mais estender a carne no sol para secar no quintal de casa. Construiu mais um quarto, depois que Elóa nasceu. E na cozinha, fez uma extensão, onde o chão ainda é batido. A sala de estar divide meia parede com uma saletinha, logo na entrada principal do lar. Há quatro quartos na casa. O chão de piso vermelho é encerado toda semana e os poucos móveis, limpos quase que diariamente, por conta da poeira costumeira por ali.

O que era um artigo indefinido, agora só não é mais definido, porque “o” fogão a gás está inoperado. Mas assim que a situação desapertar, Vera irá conseguir fazer café sem ter que labutar o devorador de gravetos secos.

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