Ela carrega o Moreno na certidão de nascimento, da mesma forma que na pele tal coloração. A idade de suas primaveras de vida ela não revela, embora ao menos três décadas delas já tenham
pedido passagem. Como não poderia faltar às mulheres baianas, a alcunha foi reduzida a uma sílaba: Clau; os mais íntimos a apelidaram e todas as pessoas adotaram a identidade.
No minúsculo município de Caatiba - vizinho à
cidade de Barra do Choça -, tão minúsculo que no site da Prefeitura sequer consta a história da cidade, ela deu o primeiro choro de vida.
Aos 23, viu as primeiras lágrimas de Bruna, sua única filha. Entre São Paulo e Bahia, aos prantos e sorrisos, vivenciou amores, desvencilhou profissões e amigos e protagonizou o ápice de sua trajetória. Há sete anos, voltou ao berço, se decepcionou com o comércio e encontrou na licenciatura a realização profissional.
Uma breve retrô nos leva a São Paulo, quando aos quinze anos, ela saiu da pacata Barra do Choça à maior cidade brasileira. O propósito seria trabalhar, mas o objetivo incubado, que não podia ser revelado, era amar e ser amada. Com o namoro, que durou dez anos, essa baiana dos doze anos aos vinte e dois anos atravessou geografias e a distância para declarar a si mesma a fortaleza de um amor.
Em São Paulo, trabalhou no ramo de confecção. Conseguiu conciliar estudo e trabalho, até que interrompeu no derradeiro semestre, o curso técnico em vestuário. “A vida mudou de lado financeiramente para mim. Trabalhei como costureira, depois na área a criação. Sinto saudades dos meus colegas de trabalho, como Alice e Delaide da Mak-Len, Jonh Baby Blue, no Bom Retiro.” Em Ermelino Matarazzo, zona leste de São Paulo, se assentou e esparramou para todas as outras zonas a alegria e o sotaque carregado em uma baianidade singular.
“Beijei o pai de Bruna, me empolguei e engravidei sem penetração. Parece piada, mas foi exatamente assim.” Casou, pois em suas palavras, não teve opção. E hoje, Bruna tem 14 anos e, por enquanto, é o grande amor – palpável – para Claudete.
“Amei e amo uma única pessoa. Sonho em ter um menino. Sempre quis ter uma família enorme, mas nem todos os sonhos se tornam realidade. Fui casada bonitinha.” Viveram juntos sete anos. Foram felizes, mas como diz a frase tão massificada nos dias de hoje “não deu”. “Fui rebelde demais. Em uma única discussão, tchau. Sai de casa com a roupa do corpo.” Claudete garante não haver arrependimentos, mas não faria dessa forma de novo.
“Sim, lógico!”, essa é a exclamação à indagação sobre um possível casamento.
“Mas morar juntos, jamais. Não quero ficar velha gagá, e só”, complementa. E como a pressa é inimiga da perfeição, para Claudete a afobação não se aplica a esse desejo. “Não tenho pressa pra casar.”
Há sete anos, retornou de São Paulo. Na terra natal, trabalhou com comércio, onde administrava um mercado, mas fechou há um ano, por decepção pessoal. Em abril deste ano, ela conclui a graduação em biologia e, em junho, termina a pós em Psicopedagogia Institucional Clínica. “Pretendo ainda fazer uma especialização em genética”. Há dois anos, ela ingressou na licenciatura, admite a dificuldade que é lecionar, contudo dribla as adversidades atuando, no sentido literal da palavra. “Me sinto uma artista ou atriz em uma sala de aula.”
“Ano passado, os alunos fizeram um documentário e escolheram a mim, como a professora, digamos, que ‘diferente’. Fizeram uma espécie de homenagem. Chorei de emoção, feito menina.” Com essas palavras, Claudete Moreno Viana evidencia a essência do que, hoje, é ser uma educadora.
Há sete anos, retornou de São Paulo. Na terra natal, trabalhou com comércio, onde administrava um mercado, mas fechou há um ano, por decepção pessoal. Em abril deste ano, ela conclui a graduação em biologia e, em junho, termina a pós em Psicopedagogia Institucional Clínica. “Pretendo ainda fazer uma especialização em genética”. Há dois anos, ela ingressou na licenciatura, admite a dificuldade que é lecionar, contudo dribla as adversidades atuando, no sentido literal da palavra. “Me sinto uma artista ou atriz em uma sala de aula.”
“Ano passado, os alunos fizeram um documentário e escolheram a mim, como a professora, digamos, que ‘diferente’. Fizeram uma espécie de homenagem. Chorei de emoção, feito menina.” Com essas palavras, Claudete Moreno Viana evidencia a essência do que, hoje, é ser uma educadora.
Em São Paulo, ficaram somente primos e um tio. Em Barra do Choça, moram um irmão, a mãe e dois sobrinhos. A maioria dos parentes ainda está em Caatiba. Em Porto Seguro, onde nos conhecemos, a positividade dessa mulher transbaldava. “Acho que sou, até demais, às vezes.” Claudete definitivamente dá um banho de jovialidade em qualquer uma. Não amargura a ausência de silhueta perfeita, quando, na verdade, o que mais importa para ela e sem modéstia garante ter é o “sangue doce”. “Sou notada por onde passo. gosto de ser apontada como a professora que faz diferença.”
“Nosso povo é tão carente. Carece de conhecimentos, mas também de calor humano, de afeto.” Claudete tem a juventude na alma, que de longa data não pertence mais à autoafirmação de
Eunice. Graduou-se em biologia, àquele que foi o grande desejo de Losângela, não roubando-lhe o sonho, mas evidenciando uma mulher com pulso mais firme.
A protagonista desta história é uma baiana que parece tomar um banho diário de jovialidade,
considera-se uma palhaça, uma moleca, ao mesmo tempo em que uma guerreira, por não desistir de amar e de viver a vida. Ainda guarda a frustração de não ter uma família formada. Gosta de privacidade, mas não admite a solidão e garante: "Feliz de quem um dia já amou na vida.”
Leia a série "Mulheres da Cavada":
7 comentários:
Olá, o texto ficou legal, é uma história meio complicada, mas é verídica, a informação q vi as primeiras lágrimas de Bruna filha foi aos 23. Mas tá ótimo, imagino o comentário q deve rolar, cada um com uma interpretação. Não vejo a hora de reiniciar o ano letivo pra eu começar atuar, a fazer o q aprendi a fazer, pois simplesmente, não escolhi o q gostava, mas aprendi a amar o que faço. Abraço
Conheço essa mulher guerreira aí!!! Clau é uma pessoa extraordinária!!! Eu a admiro muito! Parabéns, Vagner, por retratar essa figuraça! Ou em outras palavras: uma incrível mulher!
Bom texto!
Uma história verídica? Que legal!
Abraços!!!
Não deixe de visitar o Blog também: http://www.leia-atentamente.blogspot.com (E "curti-lo" no Facebook)
Claudete diz:
George Nunes Bueno, é sim uma história verídica, fiz uma correção de 17 ano para 23 qdo tornei mãe. Obridada.
Abraço
Adoro essa mulher ela é como uma mãe para mim só complementaria uma coisa no texto "Todos que a conhecem ficam apaixonados por ela igualzinho como eu fiquei".E que ela possa concretizar todos os seus sonhos porque ela merece.
Vagner,
adorei a história desta baiana que engravidou de beijo!!
Parabéns pelas pequenas grandes histórias que você conta. A vida é assim mesmo, né. Mesmo nos momentos em que é bruta, há um fio de delicadeza.
um beijo
Eliane
Ah! E boa sorte nesta vida de contador de histórias reais!
Eliane Brum
Postar um comentário