terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sexo explícito


Uma primeira tentativa, e nada. Ele tenta cortar sob os galhos do pé de café, à cata da melhor estratégia para alcançá-la. Atrás dela, rapidamente rodeia para outro rumo. Ele é garboso. Tem quase a vaidade de um pavão. Apenas não precisa abrir as penas para mostrar que é imponente. Estufa o peito para exibir sua macheza.

Para comprovar que é macho, segue em seu segundo ensaio. Ateia ela de surpresa. Ambos estão no terreiro. É quase um ringue. A diferença é que não há tablado. Há espectadores, mas que não enxergam aquele domínio como algo inusitado. Veem esta cena diversas vezes na semana.

Quando ele, o macho vigoroso, quer abocanhar a fêmea, normalmente inofensiva. Ele então consegue alcançá-la; ela que se esquiva; escapulindo para outra direção.
Dá início a uma debandada. A poeira sobe naquele corre-corre. Meus olhos acompanham cada movimento da dupla que por ele quer ser formada. Enquanto para ela, a fuga simboliza a preferência em ficar sozinha.

Ela não cede. Mas suas pernas não são mais velozes que as dele. Ele a captura. Com braveza, arrasta-a para debaixo do café. Não sei se fora involuntário o esconderijo não tão oculto assim. Mas ali abaixa-a. Sobe em cima de seu corpo, friccionando a cabeça dela. Cinco vezes. Ela se estrebucha, tentando se apartar. Mas é inútil.

O sexo então acontece, e de forma explícita, à luz do dia de uma tarde baiana embebecida de poeira e sol a pino. A transa, sem gritos, não extrapola mais que um minuto. Tempo suficiente para que ele se desgarre do corpo dela e saia normalmente, se encaminhando para a direita, enquanto ela dirige para a esquerda.

Sem nenhum sentido figurado. Ele é o galo. Ela, a galinha.

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