sábado, 23 de fevereiro de 2013

Cozinha


Qualquer arquiteto ou designer de interiores teria uma verdadeira síncope. As cozinhas, em uma analogia grosseira, se assemelham ao trânsito indiano. Sempre achei formoso a luminosidade das vasilhas de alumínio penduras sobre as tiras de cordas, quando não nas prateleiras simples de madeiras, escoradas sempre aos cantos – mas esta não é a realidade exposta nesta crônica.

Os chapéus são figuras assistentes no cômodo onde impera o fogão a lenha. De feltro ou de palha, o utensílio ganha espaço normalmente sobre os pregos afixados nos cantos dos batentes das portas.



As mesas também são autênticos armários. Sobre elas estão os potes de café e açúcar, as garrafas de café e copos de plástico e de vidro. No recinto ainda está o rolengo que enche o peito quando a luz apaga e se emudece ao acender do interruptor.

Se a cozinha é o compartimento onde se preparam os alimentos, não deixa de ser – ao menos na casa da minha avó paterna – o ambiente onde se amontoa um pouco de tudo. Tem tanque de lavar, caixas variadas e ao menos duas mesas que sustentam miudezas.

As galinhas e seus pintinhos entram sem convite. Ciscam o que podem. Encontram o aparto da vassoura rumo ao portão mais próximo. 

Um comentário:

Regina Magnabosco disse...

Deu saudade das cozinhas de fazenda que eu frequentava na minha infância, com os pintinhos entrando após o chamado da mãe "có-có-có" e, depois, saindo após uma batida de botina no chão.