Qualquer
arquiteto ou designer de interiores teria uma verdadeira síncope. As cozinhas,
em uma analogia grosseira, se assemelham ao trânsito indiano. Sempre achei
formoso a luminosidade das vasilhas de alumínio penduras sobre as tiras de
cordas, quando não nas prateleiras simples de madeiras, escoradas sempre aos
cantos – mas esta não é a realidade exposta nesta crônica.
Os chapéus
são figuras assistentes no cômodo onde impera o fogão a lenha. De feltro ou de
palha, o utensílio ganha espaço normalmente sobre os pregos afixados nos cantos
dos batentes das portas.
As mesas
também são autênticos armários. Sobre elas estão os potes de café e açúcar, as
garrafas de café e copos de plástico e de vidro. No recinto ainda está o
rolengo que enche o peito quando a luz apaga e se emudece ao acender do
interruptor.
Se a cozinha
é o compartimento onde se preparam os alimentos, não deixa de ser – ao menos na
casa da minha avó paterna – o ambiente onde se amontoa um pouco de tudo. Tem
tanque de lavar, caixas variadas e ao menos duas mesas que sustentam miudezas.
As galinhas e
seus pintinhos entram sem convite. Ciscam o que podem. Encontram o aparto da
vassoura rumo ao portão mais próximo.
Um comentário:
Deu saudade das cozinhas de fazenda que eu frequentava na minha infância, com os pintinhos entrando após o chamado da mãe "có-có-có" e, depois, saindo após uma batida de botina no chão.
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