sábado, 25 de junho de 2011

Carla e as cartas






“Me orgulho de ser sua amiga e de ter te amado no passado”
(Bahia, 18/08/2001)
“Vagner, uma das melhores coisas em minha vida foi ter te conhecido. Se não fosse você, hoje eu não acreditaria em sonhos (...) Não dá mais pra disfarçar. Aquele criança que te amava e te admirava está crescendo dentro de mim.”
(Bahia, 05/12/2002)
“Vagner, estar ao seu lado é como sonhar e nunca acordar”
(Bahia, 13/01/2003)
“Eu ando bem em tudo na minha vida. Gostaria que entendesse que não era amor o que sentia por ti, mas foi bom enquanto durou”
(02/03/2003)
“Eu quero que saiba que tudo que senti por você foi verdadeiro.
Só me afastei porque tenho um namorado ciumento, que desconfia de tudo.”
(Bahia, 11/05/2006)


O que dizer de todas essas declarações, senão frases de adolescentes vivendo a descoberta de “um primeiro amor”? De uma jovem apaixonada por um menino que lhe dá uma chance, e, entre chegadas e partidas, administram juntos uma paixonite juvenil!

Ok. O que existe de novidade entre dois jovens que trocam cartinhas e beijos mais tímidos do que a própria timidez da idade? Nenhuma. Senão a de entender o que essa, até então menina, dez anos depois, sente pelo namoradinho de infância:

“Oi Vagner, tudo bem com você?
Vim visitar minha família. Saudades. Até um dia!”
(São Paulo, 22/06/2011)

A mensagem de Carla me agoniou. Não por despertar qualquer sentimento superior. Mas por querer entender o que se passa e como tem sido sua vida depois de tantos anos. Nós estamos há muitos anos, sem o mínimo contato. E agora, essas palavras, costuradas numa frase que pode trazer inúmeros sentidos, me faz pensar qual deles é o que ela traz de significado:



- Saudades (um misto de nostalgia por uma história interrompida?)
- Até um dia! (a intenção de nos esbarrarmos daqui a tantos outros anos, mas com a certeza de que nada haverá mais do um esbarro?)

Trilhamos caminhos opostos. Carla se casou há pouco mais de seis anos. Pela primeira vez, saiu da Bahia para rever a família em São Paulo; cidade essa em que moro há quase meia década. Não casei, tampouco tive filho, mas soube da notícia da gravidez de Carla e, recentemente, vi o garoto em um álbum de fotos num site de relacionamento.

Éramos dois pré-adolescentes descobrindo o encantamento de um vínculo que ia além de uma amizade. Relendo as cartas de Carla, noto a ebulição dos hormônios e como era lidar com um sentimento de não apenas fraterno. Como saber que alguém gostava de você.

Ficam as indagações e a esperança de que Carla esteja bem.
  1. Será que hoje Carla é feliz?
  2. Que ama o marido? Se ele deixou de ser um homem terrivelmente ciumento.
  3. Ou que a mensagem releva um pouco da saudade” incubada por uma história que poderia ter sido diferente?

Um comentário:

Daniela disse...

Gostei, que lindo! "Cátia e as Cartas" muito fofo! Será realmente ser só "paixonite de adolescente"? Será que ela quiz acender algo em vcs, fazendo relembrar-se do passado? Ou não! São perguntas, como se ela está bem, se está feliz no casamento... Só tempo para dizer. O amanhã á Deus pertence. Amei lembrei das minhas "paixonites". Como era boba. Na verdade ainda sou, mas tudo bem! E assim a paixão. Rsrsrs.