quinta-feira, 8 de julho de 2010

Ingrata homenagem

Acha que seu nome é feio?
Que você é o único a ser gozado por carregar o peso de ter um nome que, digamos, fuja do comum?
Atente-se então à leitura desse texto...


Ainda é natural, homenagear aos pais e avós ao colocar os mesmos nomes nos filhos. É um “Junior’ pra cá”, “Filho” pra lá, “Neto” noutro acolá. Mas há quem carregue a vida inteira a ingrata homenagem de possuir a mesma (e horrível) alcunha.


José Cirilo Fernandes é o nome do meu avô, que por causa da pele clara, fora chamado a vida toda de Zé Branco. Seria um dos tantos Josés espalhados Brasil afora se não fosse sua peculiaridade, personalidade e tantas histórias vividas e narradas. Um paraibano que apenas nascera no Estado, pois desde os 18 anos desembarcou no sul da Bahia, de onde nunca mais saíra.

Jamais voltara a cidade de origem. Contava suas histórias com a lembrança fraterna dos parentes que jamais reencontrou. Casou. Teve 10 filhos. Todos os herdeiros batizados, e de certa forma, “homenageados”, ingratamente, na minha ótica, com nomes marcantes na vida do meu avô.

Erocilma (Tia Cilma, para mim) foi a primeira a receber o nome cuja referência à irmã do meu avô. Osmilda (minha mãe) e Salete eram outras irmãs dele. Anos adiante, vieram mais três filhos, agora todos homens. Os homens do ‘H’: Agapito, Agamenon
e Agaílson, esses, em memória dos irmãos de José Cirilo.

Agapito (Ti Pito, aos sobrinhos), assim que apontou em São Paulo, “trocou” seu nome para Fernando. Agamenom é conhecido como Menon (aos sobrinhos, carinhosamente chamado de Nonon). Agailson, que por si só já parece ser único, ainda é conhecido com um apelido também nada familiar, Itinha.

Sueli e Suélia tiveram nomes mais convencionais. Embora não se perdesse a chance de rimar ou referir a alguma coisa. “Sueli é bacana... Então a próxima será Suélia para combinar!” A adotiva da família de Zé Branco é Nazarete. O caçula, Benevenuto (isso mesmo, não redigido de maneira errada: B.E.N.E.V.E.N.U.T.O) é certamente o melhor de todos (não dizendo pior).

Ele contava que quando foi estudar o ginásio, como era mencionado na época quando se ingressava a partir da 5ª até a 8ª série, o evento do início do período escolar foi saber quem era o tal Benev... nuto... “Como se fala mesmo?! Ele comentava (até ria), que as pessoas paravam em frente a sala procurando e pergunta
ndo quem era o tal do cara de nome “bizarro”. Aliás, feio mesmo. Naquela época duvido que alguém diria a palavra ‘bizarro’.

Minha tia Erocilma pareceu seguir inspiração do meu avô. A primogênita dos filhos se chama Edilomar. Não errei no artigo definido. O segundo filho também teve o sufixo “mar”, Elizomar. O terceto, claro, não poderia perder a rima, daí veio Elismar (e ai de quem chamá-lo assim. Seu nome agora é Ricardo).

E o batizado com nomes combinatórios não parou por aí... A onda do momento seria o sufixo “ilo”. Nasceu Cirilo (homenagem ao meu avô). Em seguida, Murilo e o mais novo membro da família, Camilo.
Falando de mim... Com o meu nascimento, foi cogitada a possibilidade de me batizar com o nome do meu pai. Ainda bem que um primo interveio e sugeriu Vagner. Ufa... Que me perdoem aqueles que se chamam Valmir, mas convenhamos que Vagner é mais bonitinho né?! Já minha irmã... Sabe-se se lá onde minha mãe foi encontrar esse nome, foi “presenteada” com o Wadila (se lê, uádila).

OBS: todos os nomes aqui abordados são de parentes maternos. Imagina referir acerca dos paternos?! Mas fica para a próxima crônica.

Da esquerda para a direita, meus primos
Camilo, Murilo e Cirilo



4 comentários:

Anônimo disse...

E eu achando que meus avós tivessem sido criativos nos nomes do meu pai e dos meus tios. A última da família foi juntar o nome do avô com o nome do pai para o nome do neto: "Marcos Ramon".

Mas, ainda assim, sua família ultrapassa qualquer limite. Você é um sortudo aí no meio Vagner...

Beijos.

José Alves disse...

Eita texto delicioso.
Tenho histórias de nomes igualmente maravilhosas que as narradas por você. Até o meu nome tem uma longa história. Sou José Alves da Silva, mesmo nome de meu pai e quase igual ao do meu terceiro irmão (José Alves da Silva Filho; sou o oitavo e último).
Abraços e parabéns!

Wadila de Alencar disse...

Ufa!
Quando se lê uádila, está otimo!
O pior é quando as pessoas resolvem trocar a letra U por V. Rs
Mas, por incrível que pareça, eu adoro meu nome. Hehehe

Ótimo texto!
Parabéns irmãozinho!

Paulo Talarico disse...

Excelente texto e uma brilhante ideia fazer uma crôncia com nomes de parentes.

Se pararmos para perceber quantas famílias tem nomes 'interessantes'.

Na minha família a brincadeira acontece nos nomes de algumas tias tias: Lourença, Valdelice, Zoraide, Dalziza...

Parabéns pelo post