domingo, 1 de janeiro de 2012

Quando o amor acaba


As dores passam e as tagarelices ficam, quando o amor acaba. O pesar cessa. Os olhos não faíscam mais uma acreditável paixão sem fim. 

Quando o amor acaba é capaz de se transportar no mesmo carro com o casal do qual você não faz parte – e isso não lhe custa dor. O coração parece emudecer.

Da boca de quem foi seu amor se ouve a expressão que não é remetida a você – e não há importância se o “Eu te amo” não lhe pertence mais. 
Não há mais amor. Há uma história remanescente, com os resquícios de um percurso que alcançou a linha de chegada, a reta final. Ainda existe amor, mas o de uma bonita história aonde o fraterno atalhou o seu posto. 
Não existe a desilusão doutros tempos em que a paixão efusiva embasbacava os sentidos. Os sentimentalismos foram combatidos.
A fantasia se finda. O futuro serena. E a saudade não é latente. Quando o amor acaba fica a amizade – e nesse caso, uma admirável.
Se na fábula o cravo brigou com a rosa debaixo da sacada, na vida real a rosa e o cravo protagonizam dentro de seus corações uma amizade sem confrontos, com o conforto da voz desafinada que a cada abraço de despedida revela, em sussurros, a eternidade de um sentimento verdadeiramente recíproco.

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Esta crônica faz parte da série "Cafés baianos", que conta as histórias de pessoas e dos povoados da cidade de Barra do Choça (BA) - cidade em que nasci e vivi alguns dos anos mais felizes de minha vida.

Um comentário:

Tiago Fagner disse...

Viajei lendo... parece que foi feito especificamente para uma pessoa entender, mas sua história acaba sendo comum a muitos momentos da nossa vida.

Curti mesmo esse texto falando de dentro. Abraço rapaz!