segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Roda-gigante

Um assento com dois lugares então ocupados por uma dupla de corpos esquálidos. O meu e o dela. Uma barra de ferro à nossa frente a nos proteger, quando na verdade o perigo maior era meu coração dar um peripaque lá no alto. A altitude nem era tanta. Grande mesmo a era emoção de ver tudo lá de cima. Não que houvesse muita coisa para se ver: a miudeza da cidadezinha e a imensidão de mato ao seu redor. Grande mesmo era a emoção de ver tudo lá de cima: a miudeza da cidadezinha, a imensidão de mato e a minha mão sobre a mão dela e tudo nosso redor.



Um parque de diversões tão pequeno para o espaço em que fora instalado. Carrinhos bate-bates, sombrinha, balsa e a roda-gigante. Gigante era sempre a vontade trocar a companhia de um primo pela de uma paixonite para passear no brinquedo símbolo de um romantismo juvenil.

Quantas rodadas do raso ou topo, meu coração adolescente iria, literalmente, às alturas? Uma roda-gigante e dois corpos esquálidos de 17 e 16 anos. Um frio na barriga a medida que a assento balançava. Em seguida, uma batedeira no coração, conforme eu e ela enxergávamos a miudeza da cidade, o mato ao nosso redor e eu com minha sobre sobre a dela.

Então em solo firme, e a mesma miudeza da cidade e a imensidão do mato ao nosso redor. Nossas mãos se apartam a caminho de outras. Sigo com as de minha então namorada. Ela com o seu. Sem roda-gigante. Sem emoção. Somente com a miudeza da cidade e o mato ao nosso redor.

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